Há liberdade em sua vida?

É quase inegável que muitos ao pensarem em liberdade vem à mente o sentimento onipotente. Mas o que é mesmo essa coisa tão apreciada? Sartre ao pensar a liberdade teria proferido; “Quando, alguma vez, a liberdade irrompe numa alma humana, os deuses deixam de poder seja o que for contra esse homem”.

Sartre, filósofo francês, acreditava que o homem é livre quando reconhece seu poder de escolha, suas escolhas o farão se constituir no que ele construiu sobre si mesmo. “Um homem não pode ser mais homem do que os outros, porque a liberdade é semelhantemente infinita em cada um.” Dizia Sartre. “O homem está condenado a ser livre.” Dizia o filósofo francês lá no seu texto “O existencialismo é um humanismo”. O filósofo negava a existência de qualquer determinismo. Para Sartre não seríamos controlados por um Deus com planos pré-determinados.

Em que o existencialismo e liberdade afeta nossas vidas?


O que isso afetaria nossas vidas, caso tomássemos como certo tal pensamento? A solidão. Ou nas palavras de Sartre; o desamparo. Muitos têm a crença em algo superior e ainda outros acrescentam a ideia de que podem ser perdoados por seus erros. Nesse caso, estaríamos sozinhos e seríamos culpados pelos nossos atos, sem qualquer ideia de redenção ou perdão em um juízo final. O homem seria responsável por suas escolhas, e tais escolhas iriam ao encontro da vida de seu semelhante, logo o homem seria responsável por si e pelo mundo.

sartre liberdade

É um pensamento muito denso para quem já se acostumou a pensar em ser perdoado num juízo final. Não poderíamos acusar nossos erros a Deus ou ao destino. O que pode ser entendido pela célebre frase do filósofo: “O inferno são os outros”. Nossas escolhas nos levaram a tal ato. Os homens criariam seus valores e estariam à deriva sobre eles mesmos. O filósofo francês ainda afirmava que o homem é um ser frágil e não passa de um projeto de vida, e nossa vida receberia sentido quando realizássemos tal projeto com a liberdade que nos é peculiar.

Muitas são as formas de liberdade que imaginamos, que podemos expor. No entanto, para Sartre estariam elas sob nossas escolhas. Quem inicialmente pensa sobre muitos eventos que não dependem de nós mas do semelhante, questiona tal liberdade de escolha. Mas sobre tal questionamento, no entender do filósofo, os próprios homens são os culpados, tal qual dito acima. Nossa liberdade é algo que não pode ser só nossa, pois ao optarmos por ela também desejamos a do semelhante.

Sartre não acreditava em uma coexistência pacífica entre os países, mesmo tendo falado tanto sobre a tal liberdade. Mas acreditava em uma cooperação mútua entre os povos. Muitos ao começarem a ler Sartre, tem certa confusão, se equivocando com o pensamento de Sarte sobre a responsabilidade para com o mundo. É comum assemelharem a teoria de Sartre com a máxima de Kant sobre ser regido por uma lei universal. Sartre não compartilha da mesma concepção.

Crianças Geopoliticas Assistindo ao Nascimento do Novo Homem – 1943, Salvador Dalí.

Passagem de Sartre pelo Brasil

Em 1960, Sartre e sua mulher (também filósofa) Simone de Bouvier estiveram no Brasil e permaneceram por dois meses. Para terminarmos, é necessário entendermos a amplitude do pensamento existencialista, que não seria possível esclarecermos todas as dúvidas em tão poucas frases. “A liberdade defendida por Sartre é um caminho possível. Ela (a liberdade) sempre foi motivo de grandes textos, e como disse Tocqueville; “Creio que, em qualquer época eu teria amado a liberdade; mas na época em que vivemos, sinto-me propenso a idolatrá-la.”

Sartre e Simone
Simone de Beauvoir e Jean-Paul-Sartre, Rio de Janeiro, 1960. Acervo O Globo

Não deixe escolherem por você. Tenha sua própria opinião. Se necessário a mude, com ou sem interferência de outras pessoas. Mas sempre por sua própria escolha. “Nunca é alto o preço a pagar por pertencer a si mesmo.” Nietzsche.