“Uma vida que não for analisada, não merece ser vivida. ” Assim Sócrates nos ensina a nos reconhecer a si mesmo, mas não só em nós mesmo o pensamento deve recair-se. Dobrar-se, para lembrar do conceito de pensamento como dobra (O pensamento como um dobra-se, uma flexão do corpo sobre si mesmo) em Deleuze. Sócrates nos chama a atenção para uma vida reflexiva, um movimento de pensamentos sobre a linha temporal de acontecimentos. É debruçar-se sobre quem somos, sobre nossos erros, sobre o que achamos ser erro, ou que de início não percebemos ter cometido, mas uma reflexão traria claridade à nossa mente. Afinal, tudo são convenções, acordos. Analisemos o que não somos e o que queremos ser.
Quem nunca se enfureceu sobre alguém ter um pensamento diferente do seu? Achando que só o seu é o certo? Ou melhor, que a opinião que lhe passaram é a certa. Seguimos convenções sociais, religiões, mas nunca questionamos. Somos adestrados, talvez não fisicamente igual animais, mas somos psicologicamente. Então por que dizer que tem uma vida? O que diferencia de máquinas como as que podemos compra no mercado? De certa forma, o que pode nos diferenciar é a nossa opção de escolha. Ainda podemos escolher. Na verdade não podemos não escolher, pois a nossa não escolha já se configura como escolha. O que escolher? Seguir de cabeça baixa acatando ordens e recebendo tudo, ou ter o mínimo de decência e chegar ao questionamento, mesmo que não seja para o público questionar sobre si mesmo.
Uma vida sem qualquer reflexão, perde seu caráter. A vida é algo raro. É mais que tudo que imaginamos, pois sem ela não poderíamos imaginar nada. Não devemos nos furtar ao pensamento e à crítica.
Depois que somos invadidos por esse amálgama, não mais nos livramos. Depois que nossa mente segue à luz do esclarecimento, não há mais escuridão que a envolva e que a reprima. É algo instigante. Causa incômodo na maioria, como causou nos prisioneiros no Mito da Caverna de Platão. Verdades genéricas são o mal que corrói o pensamento e a reflexão, são sem dúvida a pedra no caminho intelectual. Então, a questão: Que vida você quer ter?
