Distanciamento social em nossas vidas

Que atire a primeira pedra aquele que nunca se sentiu sozinho mesmo podendo fazer videoconferências, que alguém diga em qualquer momento, que mesmo com os benefícios que a tecnologia nos trouxe, não nos sentimos solitários e muitas vezes isolados em nós mesmos. Qual seria o limite? Você se sente sozinho em redes sociais? Estamos quase sempre em solidão, em constante distanciamento social, mesmo com o avanço tecnológico.

*O presente texto foi feito muitos anos antes da pandemia, e não tem relação com o distanciamento social por meio do vírus COVID-19.

distanciamento

É indiscutível os benefícios que a internet trouxe. Não só ela, mas todo o processo tecnológico. Nossas vidas foram unidas de forma irreversível, estamos a um simples toque de uma teca para falarmos com alguém. Ou em alguns casos nem precisamos teclar.

Como resultado, reside aí um problema para muitas pessoas: a dependência tecnológica. Não em níveis exacerbados. Falemos então sobre a tão chamada vida social.

Não é raro, ora seja muito comum, encontrarmos pessoas que em encontros ficam a maior parte do tempo com celulares, esquecendo um ao outro. A perspectiva de algo mais próximo chega somente após uma ou outra bebida. É claro que isso já acontecia (a bebida como ponte). Mas as pessoas de tanto se conectarem ao mundo virtual, estão perdendo a capacidade de se conectarem ao real. Ou seja, falta habilidade para se comunicarem oralmente entre si. A falta de vocabulário pela deficiência de leitura é evidente. Isso acaba fazendo as pessoas irem à internet buscar cantadas para encontro ou algo do tipo. Quem nunca ouviu falar de um amigo (a) que acabou um relacionamentos via sms (mensagens de texto)?

Redes sociais

A fragilidade de se interagirem é notada quando alguém profere frases do tipo: ligar pra que se temos “what’s app”? Como se não bastasse a falta de contato físico, a voz (uma dádiva à espécie humana) também está sendo suprimida. Não algo de 15 segundo, mas uma boa conversa quando a presença não é possível. Isso nos faz lembrar a letra de uma música da banda O Rappa “Botões e atalhos amplificam a distância/ E a preguiça de estar lado a lado veste a armadura/ Esse é o poder solitário”. Ou seja, nos prendemos cada vez mais em nós mesmo. Nos perdemos em nossa própria solidão, esquecidos de todos, de tudo. Esse distanciamento social nos torna aquilo que por definição aristotélica não seríamos.

Dessa forma, as redes sociais e a internet como um todo são uma necessidade, isso caso não seja o desejo viver enclausurado. O que deve ser notado, é o excesso a que temos nos exposto. Muitas pessoas trabalham e ganham seu sustento em redes sociais e na internet, mas acabam esquecendo de como é a vida lá fora. Evidente que é opção de cada um, mas quem não pensa como seria bom um abraço em uma noite fria ou assistir um filme junto à alguém? Não precisa ser no cinema, poderia ser em casa. Essa seria a melhor opção?

redes sociais


Estamos esquecendo como é sentir carinho, ter uma preocupação além de atualizar seu perfil. O que poderá ser mais desastroso que esquecer o que é um beijo com carinho? Além de só um momento, algo estranho e forçado por necessidades fisiológicas? Nossos pensamentos estão se concentrando em sermos mais distantes, mais solitários. Neste momento surge uma ideia que poderia ser assombrosa. Qual o sentido de dizermos que somos humanos se a cada momento queremos estar o mais distante disso?

Como dito anteriormente, é uma questão de escolha. Não podemos não-escolher. Uma não-escolha já se configura uma escolha. Então, estamos fadados a escolher. Então, escolha o que pretende seguir.

Deseja um abraço ou um curtir?