Quem algum dia não se perguntou o motivo que o levou a uma ação da qual achou que não deveria ter feito? Letargia? Não. Nesse caso, é algo que cotidianamente é visto. Esquecemos de nós mesmo para lembrarmos de outrem. Isso pode ser explicado começando pelo Templo de Apolo, ou “O umbigo do mundo”. Nosce te ipsum: Conhece-te a ti mesmo!
Na Grécia Antiga, era comum a existência de vários templos, como o de Afaia, Afrodisias, Ártemis, entre outros. Mas o que ficou mais conhecido, foi o de Delfos. Histórias sobre o templo são muitas. O templo foi dedicado a Apolo, e tinha uma sacerdotisa pra traduzir as palavras aos homens, visto que os humanos não entendiam diretamente a linguagem dos Deuses.
O templo era considerado o “umbigo do mundo” porque conta-se uma história que Júpiter libertou duas águias e as ordenou que se encontrassem no centro do mundo, e foi em frente ao templo de Delfos que que as duas se encontraram.
Dessa forma, as sacerdotisas proferiam as respostas em transe e tais respostas eram tidas como verdades absolutas. Mas, o que levou o templo a ser um dos maiores centros religiosos, além disso, foi uma inscrição em sua fachada.
“Conhece-te a ti mesmo”(γνῶθι σεαυτόν), ou de forma mais completa; “Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo.” Mas essa citação é tida em muitos textos , falada por Platão que teria sido dita por Sócrates da seguinte forma: “conhece-te a ti mesmo e nada em excesso.(” “γνῶθι σαυτόν” καὶ “μηδὲν ἄγαν”.) Protágoras 343b. Tal inscrição foi atribuída aos Sete Sábios(οἱ ἑπτὰ σοφοί): Tales de Mileto, Periandro de Corinto, Pítaco de Mitilene, Bias de Priene, Cleóbulo de Lindos, Sólon de Atenas e Quílon de Esparta.
A República de Platão
Quem já leu A República, de Platão pode lembrar da citação: “Os sete homens a quem os gregos chamaram de sábios foram todos versados na administração pública; e, realmente, em nada se aproxima tanto a virtude humana da divina como a fundação de novas nações ou a conservação daquelas já fundadas”
A citação conhece-te a ti mesmo, ficou muito conhecida através de Sócrates, mas como dito acima, é uma inscrição no templo atribuída aos Sete Sábios. Quando Sócrates foi ao templo consultar a Sacerdotisa, seu amigo Querofonte fez a tradução.
Assim, foi nessa visita que a vida de Sócrates mudou, foi quando a sacerdotisa disse que não havia homem mais sábio que Sócrates em toda a Grécia. Então Sócrates duvidoso de sua sabedoria começou a questionar os cidadãos da Grécia, na maioria aqueles que se diziam sábios sobre um assunto.
Muitos acreditam que o processo de conhecer a si mesmo é algo árduo e cansativo, ou para uns tantos outros, algo inatingível. Escritores e filósofos foram contra esse processo de encontro consigo mesmo, mas o que muitas pessoas temem é o que podem encontra ao tentarem se conhecer por completo. O que é normal. O medo sempre fez parte da vida dos homens.
Conhece-te a ti mesmo: a citação na literatura
O escritor alemão Goethe, deixou claro sua desconfiança sobre a citação:
“Conhece-te a ti mesmo!-Que significa?/Significa: Seja!/e ao mesmo tempo não seja! / É um lema dos sábios antigos/ que na sua brevidade se contradiz. / Conhece a ti mesmo! E o que ganho com isso?/ Se me conheço, devo desaparecer logo. / É como se viesse a um baile mascarado / para tirar-me logo a máscara do rosto” ( Goethe, Sprüch ).
Mesmo que muitos escritores tenham desconfiado da citação como forma de conhecimento, e alguns tendo até citado que quando o homem tem pleno conhecimento de si mesmo, acaba como Narciso, devemos lembrar que não há nada mais proveitoso que o conhecimento das coisas, do mundo e de si mesmo.
Talvez por isso no Templo de Delfos, existia uma indicação que lá haviam tesouros (θεσαυρυς), mas não os já conhecidos e mencionados donativos que o templo recebia, mas talvez um pequeno trocadilho com o tesouro que é o conhecimento.
Vamos lembrar que antes de tentar entender e julgar alguém, devemos nos empenhar em conhecer nossas atitudes e se auto julgar.
E apesar de tantas teorias, o melhor é a ação, não só um estado estático. Esse pode ser o melhor exercício para boa convivência. Como disse Sêneca; “Longo é o caminho ensinado pela teoria; curto e eficaz o do exemplo.”